O génio de Robert Opron
Em Março de 2021, o mundo despediu-se de Robert Opron. Embora alguns dos seus desenhos mais marcantes tenham contribuído para a notoriedade do seu nome, há uma quantidade de automóveis que são verdadeiros marcos do design e que boa parte dos entusiastas não relaciona com o designer francês.
A Citroën é a marca que mais facilmente associamos a Opron, pois este teve papel determinante na história da marca ao suceder ao trabalho marcante de Flaminio Bertoni, autor de modelos como o Traction Avant, o 2CV, o DS ou o AMI.
Opron respondeu a um anúncio no jornal Le Monde e foi chamado a uma entrevista na Citroën, com Bertoni, a quem entregou o seu portfólio.
Contaria mas tarde que este, num acto de excentricidade, atirou os seus desenhos para o chão e começou a folheá-los com a ponta da bengala, ao mesmo tempo que dizia “Não acho os seus desenhos nada de especial.”
Indignado, Opron pegou em todas as folhas e disse a Bertoni que achava o seu comportamento inaceitável, enquanto este dizia: “No entanto, acho-o uma pessoa interessante…”
Opron saiu furioso, convicto de que nunca trabalharia com tal personalidade. No entanto, três semanas mais tarde, receberia uma carta a confirmar a sua contratação.
O resto, ficou na história: o redesenho do DS, o desenho dos GS e CX, assim como o SM, são os exemplos mais emblemáticos da sua passagem pela Citroën.
Seguiu-se uma nova etapa, na Renault, onde criou, em colaboração com Peter Stevens, o Alpine A310. Mais tarde, criou o Fuego e os Renault 9 e 11, para além de ter colaborado com Giugiaro no desenho dos Renault 21 e 19.
Uma das suas últimas e mais carismáticas criações foi feita ao serviço do Centro Stile da Fiat: o Alfa Romeo SZ, também conhecido por “Il Mostro”. Opron terá criado os primeiros esboços, com a finalização a ficar a cargo de Antonio Castellana.
De 1991 em diante, Opron trabalhou com consultor independente. Reformou-se no ano 2000 e gozou o seu descanso até ao dia 29 de Março.
Robert Opron é lembrado pelos seus pares, não só pelo génio criativo, mas pela sua versatilidade e capacidade de adaptação ao estilo de cada uma das marcas para as quais trabalhou, nunca sobrepondo a sua identidade à do construtor.