Jantes Borrani: a história de um ícone.
Fotos: Borrani e Girardo & Co.
A proliferação das jantes raiadas, sublimadas pelo emblemático aperto “knock-off”, deveu-se sobretudo a uma marca, a Borrani. Houve poucas marcas automóveis de destaque, de qualquer nacionalidade, que não tenham sido equipadas de série ou em opção, com jantes Borrani.
No entanto, o que muitos desconhecem é que a marca italiana não inventou aquele tipo de jante. Na realidade, a invenção tem origem na marca Rudge Widworth, produtora das motos com o mesmo nome.
No final do século XIX, um dos fundadores da empresa, John Pugh, entendeu que deveria haver uma forma de simplificar o processo de troca de pneus dos automóveis sem manter a roda montada. Para tal, patenteou o sistema de rosca única, conhecido como “knock-off”, por se basear numa fêmea de aperto central, que era desapertada pela acção de um martelo nas suas “orelhas”.
O sistema veio facilitar, sobretudo, a mudança de rodas na competição e depressa ganhou popularidade, passando a Rudge Withworth a licenciar os direitos de produção e comercialização da sua invenção. Um desses licenciados seria Carlo Borrani, de Milão.
Sendo Borrani um ágil e astuto comerciante, depressa catapultou a invenção para um sucesso global e, com isso, aproveitou para evoluir a ideia, diversificando a oferta, com versões de aço ou alumínio, versões com centros de quatro parafusos e ainda com a venda do cubo de roda para conversão para aperto central.
Quando Enzo Ferrari venceu a Coppa Acerbo em 1924, usando jantes Borrani, decidiu escolher a marca para equipar todos os automóveis da sua equipa, decisão que transportou mais tarde para a Ferrari, tornando-se no mais famoso cliente.
No final dos anos 60 as jantes de liga leve, surgidas nos anos 30, começaram a proliferar, o que traria perda de popularidade às jantes de raios. Para piorar a situação, a legislação americana incluiria, nos anos 70, a proibição de comercialização de automóveis novos com aperto único e “orelhas” de “knock-off”(substituídas por fêmeas hexagonais).
No entanto, nos anos 80, com o mercado dos clássicos em crescendo, a empresa reinventou-se, passando a trabalhar sobretudo para o mercado dos clássicos, inclusive restaurando jantes antigas.