Corvette: muito mais do que músculo
A primeira aparição pública do Corvette deu-se em 1953, no salão de Nova Iorque, o Motorama. O protótipo pré-produção com o código EX-122 (o mais antigo exemplar conhecido e actualmente exposto no Kerbeck Corvette Museum) apresentado apenas como um concept, mas a rapidez com que a Chevrolet partiu para a produção, evidenciava que a decisão já estaria tomada.
No mesmo ano produziu-se as primeiras 300 unidades, todas elas em branco, equipadas com o motor “Blue Flame” de seis cilindros em linha, 3.9 litros e 150cv, acoplado a uma caixa automática Powerglide de duas velocidades, conjunto de performance algo decepcionante.
Tudo mudaria com a chegada do modelo de 56, com novo desenho, janelas laterais basculantes, motor V8 e caixa manual de três velocidades. Em 57 chegava o motor de injecção (dois anos antes do Mercedes 300SL), com uns respeitáveis 290cv.
O C1 recebeu poucas evoluções técnicas mas diversas de design, até dar lugar ao C2, em 1963. Baptizado de Corvette Sting Ray (inglês para manta, por ter uma linha que fazia lembrar esse gracioso peixe), este modelo representava um significativo salto evolutivo: mais pequeno, mais leve, com suspensão traseira independente, ignição electrónica e travões de disco às quatro, a partir de 65.
A injecção Rochester passou a ser um opcional pouco requisitado, pela perda de potência que provocava. Com carburador, o C2 debitava 425cv com o motor big block, introduzido em 1965.
Pela primeira vez, o Corvette estava disponível em versão Coupé: em 1963 o óculo dividido deu origem à alcunha Split Window, solução abandonada no ano seguinte por questões de visibilidade.
Em 1968 nascia o C3, que mudava a grafia do seu segundo nome para Stingray. As parecenças com o dito animal, mantinham-se, agora de uma forma mais exuberante, através dos guarda-lamas voluptuosos.
Além dos roadster e coupé, surgia agora a opção com tecto “T-bar”, com dois painéis amovíveis sobre os ocupantes. Tecnicamente, as evoluções foram mínimas relativamente ao C2.
Em 1983 inicia-se a produção do C4, a primeira versão integralmente nova desde 1963. As formas modernizaram-se radicalmente, com um traço mais simples e geométrico, mudança que se estendeu ao interior. Pela primeira vez, o vidro traseiro passou a funcionar como uma terceira porta. A versão de tecto targa, passou a ter o painel amovível a toda a largura.
No lançamento o C4 vinha equipado com o motor do antecessor. No entanto, devido às leis de restrição de emissões poluentes, o L83 de 5,7 litros vinha reduzido a uns escassos 205cv, algo curtos para os 1435kg. Assim, o esforço de engenharia voltou-se sobretudo para o comportamento dinâmico. Houve um enfoque na redução de peso, através do uso de componentes muito leves, com destaque para a substituição do sistema dianteiro de molas helicoidais por uma mola transversal de fibra de vidro.
Em 1985, surgiu o motor L98 com 230cv (250cv a partir de 1988), que melhorou consideravelmente a performance. A transmissão continuava a estar a cargo de uma caixa automática de três velocidades ou de uma manual de quatro com overdrive automático nas três relações mais altas. Em 1986 dá-se o regresso da versão descapotável, tendo sido apresentado ao mundo como Pace Car das 500 Milhas de Indianápolis.
A potência voltava a subir em 92 com a introdução do small block LT1, um motor mais leve com 300cv. Era disponibilizada pela primeira vez a opção de caixa manual de seis velocidades. Em 1996 surge o bloco LT4 de 330cv, a derradeira evolução da versão standard, antes do lançamento do menos marcante C5 em 1997. Houve várias edições especiais do C4, mas a mais notável foi a versão ZR-1 apresentada em 1990.
Fruto da compra da Lotus pela GM, a Chevrolet contou com a colaboração da marca de Hethel para desenvolver um Corvette muito especial. Para este modelo foi criado o motor LT-5, com quatro válvulas por cilindro, que viria a atingir os 405cv. A suspensão, com controlo electrónico, era específica do modelo, assim como o controlo de tracção.
Disponível apenas em versão coupé, o ZR-1 estreou o desenho com farolins quadrangulares (que depois se estenderia à restante gama). O ZR-1 acelerava dos 0 a 100km/h em 4,4 segundos e estabeleceu recordes incríveis de velocidade, nomeadamente o de 24 horas a uma média de 283,059km/h, percorrendo 6.793 km. O preço do ZR-1 era elevado mesmo nos EUA, onde era vendido pelo mesmo valor de um Porsche 911.