Já é possível comprar um 33 Stradale... dos bonitos!

Recentemente, a Alfa Romeo resolveu testar as águas do mercado dos automóveis ultra-exclusivos e, para isso, puxou dos galões usando o nome 33 Stradale. Como ponto de partida, foi usado o Maserati MC20. Embora a Alfa Romeo afirme que o 33 Stradale é profundamente diferente, o chassis é comum ao Maserati, mas em vez do motor V6 “Nettuno”, o Stradale usa o motor V6 derivado do Giulia Quadrifoglio.

As impressões dos jornalistas que o puderam experimentar foram muito favoráveis. Acredito que estamos perante uma bela obra de engenharia, aprimorada ao detalhe, ou não custasse praticamente 2.000.000 de euros. Sim, são seis zeros.

Apesar do “downsizing” de um motor V8 derivado da competição para um V6 bi-turbo, o meu problema não é tanto com o conteúdo mecânico, mas mais com o “pacote”. O que conferiu ao 33 Stradale um estatuto lendário, foram as formas imaginadas pelo “mágico” Franco Scaglione e, qualquer tentativa de evocação de uma obra-prima, tende sempre a ser decepcionante. 

É verdade que o Alfa 4C também foi buscar inspiração ao mesmo modelo, mas não tentou ser igual, nem fez uso do seu nome. Ao ousar utilizar o mesmo nome e modernizar o desenho original, a Alfa Romeo teria de ser capaz de algo tão arrebatador como o original. Na minha opinião, quando se usa referências estilísticas transversais a vários Alfa, como as jantes com as cinco semi-circunferências, o escudete triangular ou os farolins redondos proeminentes, torna-se difícil fazer um automóvel feio. O difícil é fazer algo de tão genial como o 33 Stradale original, automóvel que muitos consideram o mais belo de sempre (mas que não acho sequer que seja o mais belo Alfa Romeo de sempre). 

Agora, um verdadeiro apaixonado pelo 33 Stradale, pode adquirir um automóvel praticamente igual ao original, e por menos de um terço do preço da proposta de Arese. E, melhor ainda, com um motor V8 atmosférico produzido pela Ferrari para os Maserati Granturismo e Ghibli, alimentado por corpos de injecção individuais e comandado por uma caixa de seis velocidade manual, com grelha aberta. 

Na verdade, para poder desembolsar mais de meio milhão de euros, o potencial comprador continua a precisar de bolsos fundos, mas a verdade é que, aos preços dos supercarros actuais, esta proposta da PPW parece quase racional. Isto já para não falar na hipotética cotação de um dos 11 exemplares originais.

A Pristine Panel Work é uma empresa especializada no restauro de carroçarias, liderada por David Hutchinson, que vê na produção do PPW R33 Stradale a realização de um sonho. 

O primeiro exemplar já esteve em exposição no Bicester Heritage para o evento Pistonheads Annual Service e participou no Supercar Driver’s Secret Meet em Silverstone, onde foi possível ficar a conhecer mais detalhes deste desportivo, puro e duro. Apesar de pesar 1000kg e contar com 400cv, o R33 dispensa controlo de tracção, direcção assistida ou mesmo ABS.

A PPW não divulgou detalhes quanto às dimensões, mas é possível perceber que as proporções são as mesmas do modelo genuíno e que o tamanho é sensivelmente o mesmo. O habitáculo é minimalista e claramente inspirado no modelo dos anos 60, com algum conforto adicional. Só mesmo o volante Nardi com aro de madeira é que parece um pouco fora de contexto. UmMomo simples e forrado a pele como no original, faria muito mais sentido e essa é a minha desculpa para não ter encomendado um PPW R33 Stradale.