Estrelas da TV nacional #2
Porquê este modelo?
Há duas coisas em que Portugal não é exímio: crime organizado e desenho de automóveis. Quando ambos se cruzam numa série, o resultado é mais ou menos expectável. Se o UMM Alter II era o exemplo de como se podia pegar em material sofrível e fazer um bom carro, a série “Homens da Segurança” era o exemplo de como se podia pegar em bons atores e fazer uma valente borrada. Nicolau Breyner, Tozé Martinho e Manuela Marle eram os protagonistas de uma série a todos os títulos lamentável, com uma deprimente colagem ao estilo americano, em que havia charutos e bonés de beisebol, mas faltava tudo o resto. Tozé Martinho fazia par romântico com a bonita Manuela Marle enquanto Nicolau Breyner tinha de se contentar com o UMM. O genérico misturava cenas de romance e ação, uma delas com Nicolau numa animada condução fora de estrada, com alguma contra-brecagem pelo meio. A partir daí, a animação dos episódios era sempre a descer, porque nunca acontecia nada de entusiasmante ou credível. Nem mesmo nas perseguições do UMM a uma 505 Break ou a um… Carocha! O genérico iniciava com uma imagem aérea das Torres de Tróia, o que acabava por ser um subtil presságio do fim que esperava a UMM e a própria série.
O que procurar?
O UMM da série aparenta ser um Alter II da primeira fase. Contudo, se se considera um verdadeiro homem de ação, deverá optar por um Turbo. A União Metalomecânica não inventou o modelo que celebrizou, mas a verdade é que a criação de Bernard Cournil terá conhecido o seu auge na versão portuguesa. O Alter foi uma evolução feliz do desenho original, acompanhada progressivamente por melhorias ao nível da suspensão, carroçaria, equipamento e interiores que fizeram do UMM uma alternativa válida aos Land Rover 90. Tal como o modelo inglês, o Alter oferecia apenas o conforto essencial para uma utilização diária, mas compensava a falta de luxo com uma extraordinária robustez e grandes aptidões todo-o-terreno. Apesar de alguma dificuldade na exportação, a UMM foi evoluindo o modelo o melhor que pode até chegar ao protótipo do Alter III. Por essa altura já poucas unidades se vendiam, já que o mercado procurava opções mais confortáveis e adaptadas ao uso diário. O Alter II Turbo fabricado após 93, com os melhores acabamentos e equipamento seria o verdadeiro canto do cisne.
Para que serve?
Apesar de ter participado num momento infeliz da televisão nacional, representa uma das mais positivas memórias indústria automóvel portuguesa. Serve para sérias aventuras fora de estrada ou - como provam as unidades em circulação diária - para trabalhar afincadamente, como qualquer bom português.
Perfil do artista
O UMM é um daqueles artistas simpáticos que desejávamos que nunca morressem, mas que sabíamos que não iam durar para sempre. Uma espécie de Vasco Santana enlameado.
Alternativa
Se pretende um carro com carreira em séries policiais nacionais e não é exigente, saiba que o Citroën Mehári entrou em Zé Gato e esteve longe de ser o pior carro da série. Mas já lá vamos…
UMM Alter Turbo
Motor: 4 cil. em linha; posição transversal dianteira; árvore de cames à cabeça;
2498cc; Injeção ; 110cv às 4150rpm; Transmissão: 4x4; 5 vel. Man.;
Travões: à frente, de disco; atrás, de tambor. Com servofreio;
Chassis: monobloco em aço de 2 portas e 4 lugares;
Comprimento: 4139mm; Distância entre eixos: 2540mm; Peso: ---kg;
Velocidade Máxima: 140 km/h
Utilização: 3
Manutenção: 4
Fiabilidade: 4
Valorização: 2