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Como visto na TV! #2

No tempo em que não havia Top Gear , nem YouTube, qualquer automóvel que aparecesse na TV por mais do que uns segundos, era motivo de conversa. Recordamos vários modelos, com diferentes “cachês”.

Leia aqui a primeira parte do artigo: Peugeot 403 Cabriolet de Columbo

Ferrari Testarossa 1984-1991

Porquê este modelo?
Nos anos 80 o tráfico de drogas era algo que acontecia descontroladamente um pouco por todo o mundo. Miami era um ponto teoricamente fulcral para a entrada de drogas nos EUA. Esta era o enquadramento que justificava a série “Miami Vice” (Acção em Miami), que retratava a vida excitante de dois detectives da brigada anti-tráfico. Analisando a personagem principal, era legítimo o espectador perguntar-se se os guionistas não seriam eles próprios consumidores, senão vejamos: em que mundo seria possível um polícia viver num iate com um crocodilo de estimação chamado Elvis e guiar diariamente um Ferrari Testarossa branco, usando um fato da mesma cor? E se antes do Testarossa, o “utilitário” deste agente fosse um Daytona Spyder? Nem no mais optimista “sonho americano”. Em Portugal, “Sonny Crockett” comeria numa cantina manhosa, usaria calças de flanela e guiaria um Mirafiori se tivesse sorte, ou um Seat Malaga se tivesse azar. Apesar de toda a improbabilidade, a série foi um sucesso tal que a Ferrari ofereceu dois Testarossa pretos à produção, que viriam a ser pintados de branco para melhor resultado nas cenas nocturnas. O “carro duplo” era um De Tomaso Pantera modificado.  

O que procurar

O Testarossa é talvez a prova de que, nos supercarros dos anos 80, a exuberância era a palavra-chave. Até 1984 o ícone italiano do momento era o Lamborghini Countach. Um modelo que, dinamicamente, era imperfeito, mas que aliava performances notáveis a um desenho que não tinha semelhança com nenhum veículo real. O rival de Maranello era então o 512 BB, um carro que tinha uma silhueta não muito diferente do 308 GTB, mas em feio. Antes de partir para o esquecimento, o 512 BB deixou em testamento o poderoso e robusto motor “boxer” e, para o vestir, a Ferrari entrou em territórios inexplorados. Pininfarina esqueceu os padrões clássicos da marca e criou um dos desportivos com mais presença alguma vez desenhados e que, apesar de não ter qualquer laço estético com o passado era, inequivocamente, um Ferrari. Lá dentro, só a grelha cromada do selector é reconhecível. Apesar de geométrico e minimalista, o interior é confortável e refinado, como nenhum superdesportivo até então.

Para que serve
Rápido, confortável e com uma sonoridade fantástica, o Testarossa é um GT, mas ainda é um verdadeiro supercarro.  Com uma cotação segura, não precisa de perseguir ladrões. Eles vêm ter consigo. Principalmente os das finanças e das gasolineiras.

Perfil do “actor
O Testarossa é como Jennifer Lawrence: apesar do talento, haverá sempre quem o aprecie só pelo corpinho cheio de curvas.

Alternativa
Se prefere o primeiro carro que Don Johnson guia na série, o Daytona Spyder, faça como os produtores: compre um Corvette C3 Convertible e use muita “maquilhagem de cena”.

 

Motor: 12 cil. em V a 180°; posição longitudinal central; dupla árvore de cames à cabeça; 4942cc;
Injeção elect; 385cv às 6300rpm;
Transmissão: traseira; 5 Vel. Man;
Travões: à frente, de disco; atrás, de disco. Com servofreio;
Chassis: monobloco em aço de 2 portas e 2 lugares;
Comprimento: 4485mm;
Distância entre eixos: 2550mm;
Peso: 1506kg;
Velocidade Máxima: 290 km/h

Utilização: 4
Manutenção: 2
Fiabilidade: 3
Valorização: 3

Leia a terceira parte do artigo: Triumph Tiger/Alpine de Get Smart

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