Estrelas da TV nacional #3
Citroën BX 16 TRS 1982-1994
De todas as séries televisivas nacionais, a mais conotada com a imagem de um carro é, sem dúvida, Duarte e Companhia. Apesar do baixo orçamento e de parecer feita “em cima do joelho”, tornou-se uma série de culto porque, tal como o 2CV, não disfarçava as suas limitações. Pelo contrário, servia-se delas como graça, alimentando um carisma que não esmoreceu até hoje. Chalana, Chinês, Professor Ventura e a violenta sogra de Duarte eram algumas das personagens atípicas que divertiam gente de todas as idades em histórias feitas de pequenos crimes, criminosos trapalhões cheios de tiques e manias e polícias pouco perspicazes ou valentes. No meio de tudo havia a sogra de Duarte, dona de uma notável agilidade e capaz de aviar dois facínoras enquanto dá um raspanete ao genro. De aspecto frágil mas pose altiva, a “Mamã” – como lhe chamava Duarte – era uma mulher com posses, guiada por um motorista, mas num BX 16 TRS… Não é exactamente o carro que associamos a uma imagem de riqueza e talvez até pudesse ser uma escolha explicada pela avançada idade da senhora, mas tendo em conta a potência de soco e pontapé da “Mamã” não vamos contestar.
O que procurar?
Não é preciso estar praticamente senil para desejar um BX. Na verdade, este carro era uma evolução bastante adequada do GS. Mantinha os predicados ao nível do conforto e performance e sacrificava um pouco a qualidade dos materiais e montagem a favor de um design mais contemporâneo e até atraente, por comparação com os concorrentes de 1982. A autoria das linhas era de Marcello Gandini. O desenho já era conhecido de dois “concept cars” que a Bertone havia realizado para a Reliant e para a Volvo. Mecanicamente, era um automóvel mais convencional do que o antecessor, já que abandonava os motores boxer a favor de bons motores de arquitectura convencional montados transversalmente, todos eles bastante elásticos e eficazes. Os custos de manutenção baixaram em resultado dessa opção. O BX 16 era um carro rápido para o segmento e apesar da suspensão hidropneumática privilegiar o conforto, o comportamento era saudável, sem convidar a excessos.
Para que serve?
Pode não ser um modelo entusiasmante de guiar, mas também não é tão aborrecido que precise de um motorista. É um clássico moderno que merece ser conservado e que se presta a grandes viagens.
Perfil do artista
Elegante, “low-profile” e competente, o BX é como Rogério Ceitil, o ator que personificava o vilão Lúcifer.
Alternativa
Se gosta de familiares dos anos 80, também pode optar por aquele que era sempre o carro dos maus da fita nesta série: um Rover 213SE.
Motor: 4 cil. Em linha; posição transversal dianteira; árvore de cames à cabeça
cabeça; 1580cc; Carburador Weber; 94cv às 6000 rpm; Transmissão: traseira; 5 Vel. Man;
Travões: à frente, de disco; atrás, de disco. Com servofreio;
Chassis: monobloco em aço de 5 portas e 5 lugares;
Comprimento: 4229mm; Distância entre eixos: 2654mm; Peso: 960kg;
Velocidade Máxima: 175 km/h
Utilização: 4
Manutenção: 3
Fiabilidade: 4
Valorização: 1