Concurso de Elegância de Espinho: um bom regresso
Espinho é uma cidade feita de interessantes contrastes. A sua génese deve-se aos pescadores, que dali partiam para o mar e, por isso, construíam palheiros, destinados primeiramente ao armazenamento de material. Curiosamente, foram as famílias mais abastadas que começaram por transformar os palheiros e pitorescas casas de praia que, progressivamente, deram lugar a casas de férias, muitas delas de elegante arquitectura.
Pouco a pouco, ali se foram fixando várias famílias, maioritariamente oriundas do Porto, algo que só se tornou possível, em grande parte, ao automóvel e, só posteriormente, ao caminho de ferro.
Por tudo isto, Espinho tem uma relação especial com o automóvel, ao ponto de, em 1969, ter inaugurado um evento que se tornou quase uma tradição. O Concurso de Elegância de Espinho terá sido um dos primeiros do país a realizarem-se regularmente.
Depois de um longo período de interrupção, o Clube Automóvel de Espinho, aproveitando a energia de algum sangue novo, decidiu, em boa hora, marcar os 55 anos desde a estreia, com o relançamento do evento. Apesar das ameaças de chuva, até a meteorologia ajudou a organização, com umas horas de sol durante a exposição e o desfile das viaturas.
Foram 21 os automóveis expostos, num intervalo alargado de idades, que começava nos anos 20 e terminava nos anos 90, apelando assim a um vasto público. Aliás, foi notório o interesse de jovens e crianças, entre a muita população que visitou o Largo da Câmara Municipal.
Tanto a organização, como a Presidente da autarquia, Maria Manuel Cruz, frisaram o facto de esta ser um evento elegante, mas não elitista, onde a população pode apreciar os automóveis e interagir com os proprietários, naquilo que é, no fundo, uma celebração do património da humanidade, pois também os automóveis estão incluídos na protecção da UNESCO através da FIVA – Federação Internacional do Veículo Antigo.
O evento revelou também um potencial de atracção turística que é de grande importância para a cidade, como admitiu a Presidente.
Depois do almoço, que aconteceu no Hotel Solverde, o programa terminaria com a entrega de lembranças de participação e dos prémios, por categorias. A organização entendeu criar três prémios, para três categorias distintas, segundo o tipo de veículo: Popular, Desportivo e Prestígio.
O júri composto por Jorge Pinhal, Paulo Gomes e Hugo Reis, avaliou os automóveis e decidiu atribuir o prémio da categoria Popular ao Austin 1800 S de 1971 de António Santos, o prémio do Desportivo ao MG TD de 1951 de Salvador Soares e o prémio Prestígio ao Citroën DS 21ie de de 1972 de Cláudio Amarílio.
Realce ainda para o prémio do Público, apurado por uma votação anónima, que sagrou como vencedor Honda NSX, pertencente ao coleccionador José Paulo, já falecido e representado pelos seus familiares.
Terminou assim aquela que se espera ter sido a primeira de muitas mais edições deste evento histórico, com a vontade expressa da autarquia de apoiar o Clube Automóvel de Espinho nesse desígnio.