Charles Sykes nasceu há 150 anos.
“Charles Rolls, com o seu espírito competitivo e a sua atitude ousada perante a vida, foi o coração da Rolls-Royce. Henry Royce, o engenheiro meticuloso e determinado, foi a sua mente. Mas a figura com a reivindicação mais forte de ser a sua primeira alma é Charles Robinson Sykes. Mais conhecido como o escultor que criou o Spirit of Ecstasy, Sykes foi um artista multifacetado e prolífico, cuja obra continua a ser muito apreciada 150 anos após o seu nascimento. Foi o primeiro dos protagonistas fundadores da marca a trazer arte e criatividade à Rolls-Royce, um legado que perdura hoje no nosso trabalho Bespoke e Coachbuild, cada vez mais ambicioso e elaborado. O facto de a sua peça mais famosa representar apenas uma fracção de um corpo de obra rico e variado, comprova a amplitude do seu talento.”
Andrew Ball, Director de Relações Corporativas, Rolls-Royce Motor Cars
A Rolls-Royce Motor Cars celebra o 150.º aniversário do nascimento de uma das figuras mais importantes da história fundadora da marca: Charles Robinson Sykes. Artista, ilustrador e escultor talentoso, Sykes ficou sobretudo conhecido por ter criado a mascote Spirit of Ecstasy, que tem guiado graciosamente os automóveis Rolls-Royce desde 1911. Hoje, a sua obra é reconhecida como o momento em que a arte e a expressão emocional passaram a fazer parte da identidade da marca — uma contribuição que moldou o espírito criativo ainda evidente em todos os automóveis Rolls-Royce.
Para assinalar este aniversário, a Rolls-Royce explora a sua vida e a influência duradoura que exerceu sobre a marca.
Charles Robinson Sykes nasceu a 18 de Dezembro de 1875 em Brotton, uma aldeia mineira perto de Saltburn, no que é hoje o North Yorkshire, Inglaterra. Incentivado pelo pai e pelo tio, ambos artistas amadores talentosos, decidiu seguir uma carreira profissional e iniciou a sua formação artística no Rutherford Art College, em Newcastle. Em 1898, ganhou uma bolsa para o Royal College of Art, em Londres, onde estudou desenho, pintura e escultura. Após se formar, permaneceu na capital, onde rapidamente se afirmou como um artista de múltiplos talentos.
A sua mestria como desenhador é evidente na vasta colecção de desenhos, pinturas e cartoons conservada no mundialmente reputado Museu V&A, em Londres. Entre estas obras contam-se projectos ricamente detalhados para troféus de corridas de cavalos, vasos e taças, bem como ilustrações atmosféricas para capas de revistas e anúncios publicitários, produzidas sob o pseudónimo «Rilette». O seu talento para a escultura foi formalmente reconhecido quando a sua obra em bronze, A Bacchante, foi exibida com grande aclamação na Royal Academy of Arts (RA), em Londres, e no Salon de Paris.
Em 1902, Sykes foi contratado por um editor de revistas para produzir alguns esboços. Incapaz de pagar em numerário, o cliente apresentou-o a John Montagu, mais tarde 2.º Barão Montagu de Beaulieu, que nessa altura tentava lançar a sua própria revista semanal de luxo, The Car Illustrated.
Com Sykes a fornecer os elementos «Illustrated», desde a arte de capa até aos desenhos de moda, a revista prosperou. Foi uma das primeiras a imprimir imagens a cores, e Sykes tirou pleno partido das novas oportunidades criativas que isso lhe proporcionava. Tinha um interesse particular pela mitologia grega e introduzia frequentemente referências clássicas no seu trabalho.
A obra de Sykes chamou rapidamente a atenção de Claude Johnson, conhecido simplesmente por «CJ», o primeiro director-geral comercial da Rolls-Royce. Johnson encomendou seis pinturas a óleo originais de Sykes para o Catálogo de 1910-11 da empresa, representando automóveis Rolls-Royce a chegar a locais e ocasiões condizentes com os patronos aristocráticos da marca. Estas imagens enquadravam os Rolls-Royce não apenas como realizações de engenharia, mas como fontes de elegância e experiência — uma expressão precoce do que viria a seguir. A marca adquiriu igualmente os direitos de autor de outras obras que mostravam Rolls-Royce a circular ao crepúsculo, a chegar ao topo de uma colina íngreme e a vencer sem esforço uma tempestade de neve — preocupações reais para os condutores da época.
Pouco depois, Sykes assumiu aquela que viria a ser a sua encomenda mais famosa e duradoura: uma mascote oficial da Rolls-Royce. A empresa descreveu a figura alada como «uma pequena deusa graciosa», na qual Sykes captou na perfeição «o espírito do êxtase, que escolheu a viagem por estrada como o seu deleite supremo e pousou na proa de um automóvel Rolls-Royce para se deleitar com a frescura do ar e o som musical das suas vestes ondulantes». Com esta obra, Sykes introduziu uma nova dimensão na marca — a ideia de que um automóvel podia possuir não só excelência técnica, mas também graça, elegância e serenidade.
Ao criar a figura, Sykes desempenhou um papel crucial na definição das características essenciais da Rolls-Royce. De Charles Rolls, o audaz piloto de corridas, pioneiro da aeronáutica em balão e aviador recordista, a marca herdou o seu espírito de iniciativa, procurando sempre estabelecer novos padrões de desempenho, conforto e excelência. E, se Rolls era o coração da empresa, então Henry Royce — analítico, meticuloso, inquieto e inovador — era a sua mente; o fundamento intelectual de tudo o que produzia.
Sykes foi a alma da empresa; trouxe arte e criatividade à marca, que hoje encontram expressão em encomendas Bespoke e Coachbuild cada vez mais elaboradas e ambiciosas. E, através das suas pinturas e do Spirit of Ecstasy, desempenhou um papel determinante na construção da mística e da mitologia que ainda hoje envolvem a Rolls-Royce.
Charles Sykes morreu em 1950; embora seja sobretudo lembrado pelo seu contributo para a Rolls-Royce, desfrutou de uma longa, variada e bem-sucedida carreira artística, deixando um corpo de obra substancial, diverso e encantador, que continua a ser altamente apreciado 150 anos após o seu nascimento.












