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Quem compra os MX-5 NA?

Diz-se que o MX-5 é um desportivo que serve para tudo, mas será que serve para todos? Que perfil têm os compradores?

Quase todas as pessoas (excepto as que são do contra), apreciam um Mazda MX-5. Especialmente se for o “velhinho” NA, a versão original, de faróis escamoteáveis nascida em 1989, ou seja, há quase 32 anos…

O original, provavelmente, não será o melhor dos MX-5, mas é aquele que mais facilmente conquista corações, primeiro por ser mais antigo, pelas linhas “redondinhas” e pelo aspecto mais simpático do que agressivo.

Durante alguns anos, o NA era também o mais acessível de todos os MX-5, o que o tornava mais atraente. Hoje, esse já não é o caso. Há muitos MX-5 NA a bom preço, mas um conhecedor rapidamente encontra, na maioria deles, peças de diferentes gerações e versões, demasiado material "aftermarket" de má qualidade, sinais de muitos abusos e, pior do que isso, corrosão a sério.

O facto do modelo ter mantido um preço baixo durante décadas e de ser barato de usar, fez com que muitos fossem negligenciados ou abusados, pelo que escasseiam as unidades em boas condições. Isso faz com que a cotação média dos MX-5 NA tenha crescido 7% desde 2019, uma subida superior à inflação.

Ao estudar a variação da cotação do pequeno Mazda, a seguradora Hagerty acabou também por apurar a distribuição por faixas etárias dos compradores do MX-5 NA (ou Miata na versão americana). Os resultados são verdadeiramente surpreendentes e dizem muito acerca do modelo e do seu amplo leque de virtudes.

A Hagerty concluiu que a população de proprietários dos MX-5 NA está distribuída de forma muito equitativa pelas diferentes faixas etárias:

4% Pre-boomers: 1925 a 1945
26% Baby-boomers: 1945 a 1964
20% Geração X: 1965 a 1976
23% "Millenials" ou Geração Y: 1977 a meados da década de 90
27% Geração Z: nascidos a partir de meados de 90

Não surpreende o facto do roadster japonês ter apenas 4% de proprietários nascidos antes de 45, até porque o peso demográfico desta geração é já reduzido no que toca a condutores activos.

Não é de estranhar também o facto da geração que assistiu ao emergir da popularidade dos roadsters tradicionais - dos MG aos Triumph, sem esquecer os Alfa Romeo ou Fiat Spider - se deixar seduzir por um modelo que evoca essa época, mas com outros pergaminhos de fiabilidade e facilidade de utilização.

E se é natural que a faixa da geração X, hoje com idades entre os 57 e os 46 anos seja menos entusiástica quanto aos roadster em geral, ainda mais previsível é o facto dos "millenials" serem apaixonados pelo MX-5 NA. Afinal, eles eram crianças quando este modelo surgiu e começou a tornar-se comum nas estradas e a fazer parte da cultura popular.

Mais surpreendente é o facto dos jovens abaixo dos 30 anos, que cresceram numa era de automóveis potentes, ultra-rápidos e muito mais sofisticados, ainda sejam sensíveis aos encantos de um modelo que, na sua versão mais potente, conta apenas 130cv e na mais fraca, 90cv! Obviamente, o custo de manutenção pesa muito nessa popularidade, mas se pensarmos que muitos destes proprietários são mais jovens do que o automóvel que escolheram ter, isso dá uma perspectiva optimista acerca do futuro do culto dos automóveis clássicos.

A grande conclusão a tirar desta estatística é que, independentemente das razões de cada um, cada vez mais se confirma a validade da frase popularizada pelos milhões de entusiastas do modelo: "Miata is always the answer".