Motorbest

Festival Renault Classic

A Renault fez 115 anos e convidou os jornalistas para celebrar em Monthléry. Thierry Lesparre esteve lá.
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11 de abr. de 2023

Texto e Fotos: Thierry Lesparre

A Renault Classic preparou um programa muito preenchido, mas bastante atractivo para este dia especial. O “menu” foi o seguinte: uma parada em pista com o Renault 40hp, o Nervasport, o Étoile Filante e o Mégane RS 275R Trophy, seguidos de uma exibição Jean Ragnotti no seu fiel 5 Maxi Turbo e, finalmente, o momento por nós muito aguardado em que teríamos a oportunidade de testar alguns carros. Antes de passar à prática, assistimos a uma pequena conferência liderada por Hugues Portron, responsável da Renault Classic, por Jean-Luc Fournier na parte histórica da apresentação e por Olivier Gillet, Director de activação de marca que aproveitou para falar da importância do papel da herança desportiva na imagem da marca.Depois de um café e um croissant, foi tempo de partir para a pista para testemunhar a parada dos veículos recordistas. Hughes Portron avisou-nos: “Não esperem ouvir o assobio da turbina do Étoile Filante, porque devido a questões de custo operacional e complexidade, o motor foi temporariamente substituído pelo do de um Twizy”. Os puristas foram imediatamente acalmados com a informação de que o processo é reversível sempre que se deseje.Assim que a demonstração terminou, é tempo de partir para algo mais sério: retorno ao pit-lane, onde estão estacionados o 4CV 1063, o 8 e 12 Gordini, o 5 Grupo 2 o 5 Cup, entre outros. Todos eles com um passado glorioso e disponíveis para mim. Junto de cada um deles, um um piloto-instrutor da Driving Evolution à nossa disposição para nos por ao corrente das particularidades de cada carro e para nos aconselhar a manter o controlo…

Os testes serão realizados no mítico anel de Monthléry, com duas chicanes. No entretanto, o responsável do gabinete de imprensa Renault, Dominique-William Jacson pergunta-me por onde quero começar. Decido seguir uma ordem cronológica de modo a sentir a evolução tecnológica e habituar-me ao circuito num crescendo de potência. Começo, pois, pelo 4CV, com a decoração usada na participação em Le Mans em 1951. Seguiu-se o 8 Gordini, um carro que foi uma autêntica fábrica de campeões. Tenho quase alguma vergonha de admitir que, apesar de tudo, me diverti mais com o 12 Gordini. Até hoje nunca tinha sentido qualquer atracção por este modelo, mas depois desta experiência, confesso que mudei um pouco de opinião. Vale a pena mencionar que antes de iniciar o teste, o instrutor já me tinha falado acerca das qualidades dinâmicas do carro e da melhor forma de tirar partido delas. O 12 Gordini acabou por provar-se um carro confortável e fácil de conduzir. As irregularidades do anel de Monthléry passavam quase despercebidas, o que ajudava a um bom controlo do carro, que não era mais desconfortável do que um bom familiar.O Renault 5 Cup é um carro que aqui revela algumas limitações, especialmente na medida em que estive sempre à procurar da quinta velocidade, que na realidade não existe neste carro. Do Cup saltei para o Grupo 2 ex-Ragnotti. Apesar das formas semelhantes, a experiência de condução não poderia ser mais contrastante. Este carro encantou-me. A baixas velocidades, a mais pequena manobra é um exercício de resistência e força. Em compensação, assim que aceleramos, o Renault 5 voa! Depois de uma primeira volta para me ambientar, começo a subir o ritmo e o carro mostra-se brutal e prova ser um verdadeiro carro de corrida. Entusiasmo-me um pouco com o som do pequeno motor de 1397cc, até que olho para o odómetro e assusto-me ao ler… 230km/h!Acabo a minha ronda de testes feliz por ter escolhido esta ordem, já que depois do Grupo 2, todos os restantes teriam parecido anémicos.

Foi um dia memorável de experiência ao volante, já para não falar do passeio ao lado do embaixador da marca Jean Ragnotti. Sempre incansável, simpático e disponível para abrilhantar o espectáculo com as suas habilidades, é um prazer vê-lo guiar o seu Maxi Turbo e o Alpine A442. Custa até a acreditar que já completou 70 anos. Enquanto aguardávamos entre cada teste, “Jeannot” levava-nos num “passeio muito rápido” no seu 11 Turbo de Grupo A em torno do circuito. Essas voltas como “pendura”, ficarão na memória como um ponto alto de um dia inesquecível.