Estoril Classics, a chuva de estrelas
Os bilhetes de sábado e de fim-de-semana já estavam esgotados há algum tempo e isso notou-se hoje no Autódromo do Estoril com o público a encher o paddock e a bancada A no segundo dia do Estoril Classics de 2024.
Classic Touring Challenge
O fim-de-semana de corridas começou com a prova do Classic Touring Challenge e os milhares de espectadores, que já engalanavam a mais antiga pista permanente, não deram por mal empregue o seu tempo.
Ao longo de uma hora assistiu-se a uma intensa batalha entre o ligeiro Alfa Romeo Giulia Sprint GTA e um imponente Ford Mustang 289. No final, o carro americano, pilotado por John Spiers / Nigel Greensall, levou a melhor face ao italiano, dividido por Max Banks / Andrew Banks, tendo os dois cruzado a meta separados por apenas um segundo.
Na prova da The Gentlemen Challenge assistiu-se a um duelo acalorado entre o Lister Costin de John Spiers e o Lotus XI 1500 de Serge Kriknoff. Na última volta o piloto do carro concebido por Colin Chapman tudo tentou para subir ao primeiro lugar, mas a máquina de Cambridge conseguiu repelir os ataques, vencendo com uma vantagem de 0,7s.
Na Sixties’ Endurance houve oito Shelby a ocupar as oito primeiras posições da classificação da corrida da edição deste ano do Estoril Classics.
Na primeira posição acabou por ficar o Shelby Cobra Daytona Coupe de Erwin France, sendo acompanhado na subida ao pódio por Benjamin Monnay, Shelby Cobra 289, e por Armand Mille /Yves Scemama, também em Cobra Daytona Coup.
Já com a noite densa os bólides da Endurance Racing Legends fizeram-se à pista, numa festa de som retumbante e de brilhos intensos que agarraram o ainda muito público que se mantinha no Autódromo do Estoril.
Na pista, o protótipo Reynard Nasamax, que nunca venceu no seu tempo, dominou a contenda, tendo Sebastian Glaser vencido confortavelmente a prova de quarenta minutos, ao deixar o Lotus Elise GT1 a vinte e nove segundos. O carro pilotado por Loris Hezemans e Mike Hezemans ficou com o segundo posto, vencendo ainda a classe GT1A.
A completar o pódio da geral ficou o Maserati MC12 de Joe Macari e Dario Franchitti, que também foram os melhores na GT1B.
Uma menção honrosa tem de se dar a Adrian Newey que chegou a comandar a corrida, ainda que durante as paragens nas boxes, terminando em décimo e segundo na classe GT2C, subindo ao pódio.
Classic GP
Soheil Ayari venceu o ano passado o Classic GP e parece ter gostado da experiência, tendo na edição deste ano está em boa posição para repetir a façanha, depois de ter vencido a corrida de sábado.O francês colocou o seu Ligier JS21 no segundo posto da grelha de partida, mas arrancou mal caindo para terceiro, na saída da Curva 1. No entanto, Ayari estava determinado em vencer e, aproveitando a superioridade do chassis gaulês, passou ao ataque, chegando a primeiro na travagem da Curva 3.
A partir daí, o piloto da Ligier imprimiu um andamento que mais ninguém conseguiu acompanhar, abrindo uma vantagem de mais de seis segundos. Contudo, já perto do final, o McLaren M26 de Olivier Breittmayer parou em pista, obrigando à intervenção do Safety-Car, o que fez evaporar a o fosso que o líder tinha cavado para os seus perseguidores.
Depois do carro de Woking ser recuperado, Ayari conseguiu acertar no momento certo para acelerar e cavou um fosso que foi determinante para realizar a última volta sem sobressaltos, vencendo a primeira corrida do Classic GP deste ano.
Na segunda posição ficou o Ensign MN181-B pilotado por Laurent Fort, ao passo que Katsu Kubota ficou no terceiro posto no seu Lotus 72, tendo vencido também a Classe A, dedicada a carros pré-efeito de solo.
No domingo, quando se deu o arranque para o Classic GP as bancadas do Autódromo do Estoril estavam cheias, vendo Soheil Ayari, que arrancava da pole-position depois da vitória de ontem, cair para o quinto posto na primeira curva.
Sempre com a ameaça de chuva a pairar no ar, o piloto do Ligier JS21 começou uma boa recuperação até ao primeiro lugar, quando estavam completadas sete voltas. Porém, a chuva agora caía e a organização de prova decidiu mostrar bandeiras vermelhas, quando faltavam oito minutos para a bandeira de xadrez.
Isto significou que Ayari cairia para o terceiro posto no alinhamento para novo recomeço, com Safety-Car, dado ter ultrapassado os dois primeiros na volta em que as bandeiras vermelhas foram mostradas. Com problemas de pneus, o francês acabaria por desistir, ao passo que Mark Harrison ficava descansado no comando.
O piloto do Shadow DN9B liderou toda a corrida, excepto os metros em que Ayari chegou ao comando, tendo lidado bem com a pressão que lhe foi exercida, mostrando-se um digno vencedor do Classic GP de 2024.
No segundo posto ficou o Lotus 72 pilotado por Katsu Kubota, que triunfou na Classe A, ao passo que Laurent Fort, em Ensign MN181-B, completou os três primeiros.
A 2.0 Litre Cup deu início ao segundo dia de corridas, com uma prova cheia de lutas entre os Porsche 911 2.0 ao longo de todo o pelotão que foi entusiasmando o muito público que já marcava presença nas bancadas do circuito permanente mais antigo de Portugal
Marino Franchitti liderou grande parte da primeira metade da prova, mas a troca de pilotos foi demorada, o que deixou Dario Franchitti, o seu irmão, muito atrasado. No entanto, o triplo vencedor das 500 Milhas de Indianápolis, não deixou os seus créditos mãos alheias e, com uma recuperação fulgurante, conseguiu chegar ao primeiro posto para vencer a etapa do Estoril da 2.0 Litre Cup.
A corrida que se seguiu foi a Classic Endurance Racing II, categoria que apresenta carros que participaram nas grandes provas de resistência nos anos 1970 e 1980.
Apesar a ameaça de chuva e de ter caído alguma no início, a pista manteve-se apta para pneus slicks, oferecendo uma corrida animada ao muito público que se continuava a juntar nas bancadas.
Foram diversos os carros que passaram pelo comando, como foi o caso do BMW M1 Procar Sebastian Glaser, assim como o Osella PA5 de Nick Padmore, mas no final, Maxime Guenat imporia o seu Lola T286 na prova dos Classic Endurance Racing.
Endurance Racing Legends
Uma vez mais, as máquinas que competiram as prova de resistência nos anos 1990 e princípio do século impressionaram os adeptos e ofereceram uma corrida bastante animada, que só ficou decidida nos últimos instantes, quando o Maserati MC12 GT1 de Evgeny Kireev passou o Lola MG EX257 de Mike Newton, triunfando.
The Gentleman Challenge
Ao longo da corrida de quarenta minutos assistiu-se a uma feroz luta entre diversos pequenos protótipos ingleses do final dos anos 1950 e início dos 1960.
Luc-Pierre Verquin conseguiu impor o seu Lister Knobbly Chevrolet ao Cooper T38 de Frederic Wakeman/Patrick Blakeney-Edwards por doze segundos, tendo ficado o Lotus XI de Dafyd Richards no degrau mais baixo do pódio.
A prova do Heritage Touring Cup realizou-se logo a seguir ao Classic GP e um intenso duelo entre os Ford e os BMW agarrou os fãs, que se mantiveram em largo número nas bancadas do Autódromo do Estoril.
Yves Scemama conseguiu levar a melhor na batalha, colocando o seu possante Capri RS 3100 Cologne no primeiro lugar para vencer a prova, muito embora Emile Breittmayer, em BMW 3.0 CSL, se tenha aproximado ligeiramente da liderança nos momentos finais, ficando no segundo posto a nove segundos. No terceiro posto ficou um modelo idêntico da marca bávara, o pilotado por Michael Kammermann.
O Iberian Historic Endurance foi a prova que se seguiu e presenteou os adeptos com excelentes motivos de interesse, para lá do seu extenso e exótico pelotão, destacando-se o fervoroso duelo entre o Ford GT40 de Christian Oldendorff e o de Paulo Lima.
O português levou a melhor, vencendo a prova de cinquenta minutos, sendo acompanhado por Olivier Muytjens, em Shelby Cobra Daytona, e por Oldendorff, na subida ao pódio, por esta ordem.
O Classic Endurance Racing I fechou o Estoril Classics deste ano, que ao longo dos três dias contou com trinta e cinco mil pessoas nas bancadas e paddock, tendo produzido momentos emocionantes ao cair da noite.
O Chevron B19 de Jamie Constable parecia ir a caminho da vitória, apesar da aproximação consistente do Lola T70 Mk.3B de Armand Mille, mas a menos de oito minutos da bandeira de xadrez, o protótipo aberto não evitou um pião na travagem para a Parabólica Interior, cedendo o comando ao carro criado por Eric Broadley, que venceu uma vez que, pouco depois, a corrida terminaria com bandeira vermelha devido à bátega de água que se abateu sob o circuito português.
Nas posições imediatas do pódio ficou Constable, que apesar do seu erro conseguiu manter o segundo posto, e Max Banks e Andrew Banks, em McLaren M6B.
Assim se concluiu a oitava edição do Estoril Classics que para além do muito público presente nas bancadas e no paddock, teve ainda mais de trinta mil pessoas a seguir as corridas através da transmissão realizada nos canais de Youtube dos organizadores.
Depois de um fim-de-semana de magia com as corridas de carros que marcaram a história do automobilismo, seguramente que os adeptos estão já a ansiar pela 9ª edição do Estoril Classics, que está prevista para os dias 3 a 5 de Outubro.