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GTA, a obra prima da Autodelta

O Giulia GT era um dos desportivos mais competentes e divertidos da sua época, mas para o tornar num vencedor, seria necessária a intervenção de um mestre.

Não é possível dissociar a extraordinária história de sucesso desportivo da Alfa Romeo do nome de Carlo Chiti. A associação à Alfa Romeo deste engenheiro aeronáutico, natural de Pistoia, data da década de 50. Recém-chegado a Arese, foi ele o principal responsável pelo desenvolvimento do 3000 CM. 

O sucesso deste carro augurava bom futuro a esta relação, mas poucos anos depois, a Alfa Romeo encerraria o seu departamento de competição. Sendo o seu talento já claramente reconhecido, Chiti não tardou a ocupar lugar de destaque em Maranello, tendo sido um dos responsáveis pelo desenho e desenvolvimento do Ferrari 156 “Sharknose” com que Phil Hill venceria o campeonato do mundo de F1 em 1961. 

Tal como Enzo, Chiti era um indivíduo de personalidade vincada, pelo que, naturalmente, fez parte de uma célebre debandada de engenheiros da Ferrari em inícios de 60, para integrar o projecto ATS, cujo sucesso limitado se conhece. 

É em 1963 que, em sociedade com o comerciante Lodovico Chizzola, funda a Autodelta. Um dos seus primeiros actos enquanto empresário foi abordar a Alfa Romeo, desafiando marca a regressar à competição. Uma das primeiras criações nascidas desta parceria foi o extraordinário Giulia TZ, de chassis tubular e carroçaria aerodinâmica, desenhado para a categoria GT. 

O sucesso foi imediato e convencidos da importância da parceria com a Alfa, Chiti e Chizzola transferiram a empresa para Milão, para poderem trabalhar em maior proximidade. Balocco tornou-se, nessa altura, na pista de testes usada para todos os seus produtos.

No entretanto, o muito apreciado e competitivo Giulietta era substituído na gama de Arese pelo Giulia. O carro de série era já uma base extraordinária, com uma qualidade de engenharia e um comportamento notáveis. As versões mais desportivas da série 105 já contavam com boa aerodinâmica, travões de disco às quatro rodas, boas caixas de cinco velocidades e suspensão eficaz. Acima de tudo, evidenciavam um equilíbrio dinâmico que provava serem uma excelente base para competição.

Apesar das qualidades e da beleza da Berlina foi com a chegada do Coupé, desenhado por Giugiaro, que a série 105 reforçou a popularidade. Foi também com base neste modelo que a Autodelta gerou umas das suas mais aclamadas criações, o Giulia Sprint GTA, que renderia o Giulia Ti Super nas batalhas dos campeonatos de Turismo contra o Cortina Lotus.

Partindo de uma boa base de trabalho, a Autodelta fez uma transformação radical ao modelo, obrigando à produção das 500 unidades (acredita-se que chegaram às 1000) necessárias para homologação. O “A” de GTA é a inicial da palavra Allegerita, ou seja, “aligeirado”. Nome perfeitamente justificado já que a maioria dos painéis de aço deram lugar a painéis de alumínio, os isolamentos acústicos foram removidos e os vidros laterais trocados por plexiglass. O resultado foi um impressionante “emagrecimento” de 275kg. A suspensão manteve o essencial da solução original, com molas mais curtas e firmes e alguns reforços específicos.

Para mover o conjunto, foi usada uma derivação do motor 1570cc do Giulia GT mas, à semelhança do que acontecia no TZ, era equipada com uma cabeça de duas velas por cilindro e válvulas de maior diâmetro e com tampa em magnésio. Na versão stradale o GTA debitava 115cv (podendo chegar aos 170cv na versão de competição) explorados através de uma caixa mais curta.

Além do modelo 1600cc, a Autodelta criou o GTA Junior 1300, equipado com cabeça 16 válvulas, o pequeno motor podia chegar aos 160cv.

A versão mais radical do 1600 foi o GTA-SA. Sobrealimentado com compressor e homologado em Grupo 5, chegava a debitar 200cv.  

A derradeira evolução foi o GTAm. O “m” referia-se a maggiorata (alargada). Estes usavam motores de 1750 e 2000cc e carroçarias com alargamentos, como os 1300 de competição.

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