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Champanhe no pódio: do acidente à tradição

Foi em 1967 que Dan Gurney inaugurou a a tradição do spray de champanhe no pódio. Na altura, "não caiu bem"...

Fotos: ACO ARCHIVES, Ford, LAT Photographic, cdn.artphotolimited.com, cnn.com, Reuters

Nas 24 de Le Mans de 1967 o piloto americano Dan Gurney fez história ao levar o Ford MkIV à vitória, em dupla com Anthony Joseph Foyt Jr. (mais conhecido por A.J. Foyt). Foi um ano de ouro para a Ford, em que os MkIV preencheram os quatro primeiros lugares, seguidos por dois GT40 MkII B.

Contudo, o marco mais indelével que Gurney deixou na história no dia 11 de Junho de 67, foi a forma insólita como decidiu festejar. Eufórico, abanou a garrafa do tradicional Moët e fez uma chuva de champanhe que não poupou sequer Henry Ford II e a sua mulher! A.J. Foyt, pasmado, ter-lhe-á dito: “Olha que é o teu patrão que estás a molhar!”

Na época, o gesto que acabaria por se tornar comum, causou algumas reacções menos positivas: afinal, uma bebida que poucos podiam pagar e que era oferecida para brindar, era desperdiçada num acto de rebeldia e até de algum atrevimento ao molhar as personalidades que normalmente rodeavam o pódio.

O famoso e talentoso jornalista inglês L.J.K. Setright, classificou mesmo o momento como um acto de falta de educação, por estragar uma bebida cara diante de milhares de pessoas que nunca a poderiam comprar. Um ponto de vista justo, numa época que o gesto ainda era polémico. Hoje, goste-se ou não, é uma "instituição".

Curiosamente, o que realmente inspirou aquele momento não foi qualquer acto de rebeldia, mas antes um verdadeiro acidente ocorrido no ano anterior. Na edição de 1966, os vencedores da classe até 2 litros (quartos da geral) foi Jo Siffert e Colin Davies em Porsche 906/6 LH. No momento em que foram receber o troféu e celebrar a vitória, Jo Siffert não conseguiu evitar que a rolha da garrafa saltasse e molhasse todos quantos estavam por perto.

O contexto histórico ajuda a perceber melhor uma tradição que, de lógico ou de agradável, pouco tem, mas que agora é uma parte indissociável do “folclore” do desporto motorizado.

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