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Como visto na TV! #5

No tempo em que não havia Top Gear, nem YouTube, qualquer automóvel que aparecesse na TV por mais do que uns segundos, era motivo de conversa. Recordamos vários modelos, com diferentes “cachês”.

Dodge Ram 1500  1994-2001

Parte #1 aqui

Porquê este modelo?
Há um determinado tipo de actor em que se é tanto melhor quanto menos expressivo e artisticamente dotados. Isso não faz deles um género menor entre os actores, porque na verdade estão perfeitamente adequados aos tipo de papéis que representam: não precisam de saber expressar emoções porque as suas personagens são tão duras que não se emocionam, nem perdem a calma e não precisam de ter dotes artísticos porque isso é uma “mariquice”. Para premiar este tipo de actores, deveria existir um equivalente aos “Óscares” que podia perfeitamente chamar-se os “Norris” com categorias diversas: Norris para melhor actor, Norris para melhor cicatriz, Norris para melhor grunhido adaptado, Norris do melhor espancamento em massa e por aí adiante. Chuck Norris é uma referência entre os mais brutos de todos os brutos do cinema. Para saber reconhecer qualidades em Norris não é preciso perceber de cinema. Basta ter amor à vida. Também é assim que se convence outros automobilistas das qualidades da Dodge Ram: se não for a bem, passa-se por cima do desgraçado. Por isso é que este foi o veículo escolhido para o sereno Walker, o Ranger do Texas.

O que procurar

Stallone, Schwarzenegger, Van Damme e Seagal são todos actores da mesma categoria, mas só Chuck Norris tem aquela expressão no olhar que parece dizer “Vou partir-te a tromba e nem sei bem porquê”. Esse parece ter sido o mote estilístico do designer Phillip E. Payne (não é por acaso que Payne tem a mesma sonoridade de “pain”, inglês para dor). Procurando um novo estilo para a pick-up nascida em 81, Payne criou uma espécie de focinho protuberante que, ao encher o nosso retrovisor, tem o mesmo efeito de Norris a pegar-nos pelo cinto das calças: torna-nos obedientes e põe-nos a falar fininho. O interior tem tanto requinte como os coletes de ganga do Ranger do Texas. Se tirarmos o volante, parece uma bancada de trabalho duma carpintaria.  A severidade deste paquiderme motorizado estende-se à mecânica: rudimentar, sobredimensionada e muito bruta! Como bom americano que era, Walker não se conformaria com outra opção que não um V8 com mais de 5000cc de capacidade. Bem vistas as coisas, é a única opção que condiz com este modelo. Escolher um motor diesel é como calçar Norris com umas sapatilhas de ballet e o motor V10 é como exigir-lhe abdominais definidos e depilados, anulando aquela pinta de veterano de guerra com sede de pancada.

Para que serve
A Dodge Ram é um clássico entre as pick-up americanas, mas é muito difícil dizer para que serve. Nem Walker sabia bem o que fazer com aquela área de carga toda: Noites românticas ao luar? Esqueçam isso! Campismo? Já bastou o Vietnam. Obstáculos no todo-o-terreno? Para isso é que inventaram o Napalm!

Perfil do “actor
Chuck Norris tem parecenças com a Dodge Ram, mas ainda assim fala demais. O único homem com uma carreira no cinema digna desta pick-up foi o duplo e forcado português Nuno Salvação Barreto: celebrizou-se como duplo em Quo Vadis. Para isso “bastou” entrar numa arena sozinho, agarrar um enorme touro pelos cornos e partir-lhe o pescoço. Sem conversa fiada, sem pickup nem pistolas. Ter-lhe-á apenas sussurrado: “Toma boi, que é para aprenderes a não te meter com um português!”

Alternativa
Duas palavras que dispensam explicação: Ford Bronco.

 

Motor: 8 cil. em v; posição longitudinal dianteira; árvore de cames central; 5200cc;
Injecção Chrysler; 220cv às 4400 rpm; Transmissão: 4×4; 4 Vel. Aut;
Travões: à frente, de disco; atrás, de tambor. Com servofreio;
Chassis: monobloco em aço de duas portas e dois ou cinco lugares;
Comprimento: 5184mm; Distância entre eixos: 3015mm; Peso: 2002kg;
Velocidade Máxima: 182km/h

Utilização: 2
Manutenção: 4
Fiabilidade: 5
Valorização: 1

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