Cinco carros para provocar o divórcio
Há automóveis capazes de seduzir e outros capazes do contrário, mas pelos quais vale a pena ficar solteiro.



Escrito por:
Motorbest

2020-05-03

“Sou eu ou o carro!”, diz ela. E você olha alternadamente para ela – com cara de má e esbaforida – e para o carro, belo, sereno, sempre em forma. A vida de um apaixonado por clássicos é cheia de decisões difíceis. Dos sonhos do entusiasta fazem parte imagens de uma viagem num fim de tarde quente, numa bela paisagem, com o clássico de eleição e a mulher dos seus sonhos. Só que os sonhos são como filmes sem som e, por isso, nunca antecipamos que a mulher dos nossos sonhos pode achar os estofos de napa pouco compatíveis com a mini-saia ou que o prazer de uma capota aberta pode para ela significar apenas a ruína da mais recente obra-prima da cabeleireira. Nos sonhos também nunca contemplamos a possibilidade de ela querer levar a mãe a esse passeio perfeito…
Admitamos que é sempre muito difícil que os sonhos de um entusiasta sejam totalmente compreendidos e até tolerados pelos que os rodeiam. É difícil explicar à pessoa de quem mais gostamos porque é que um R8 Gordini é um automóvel belíssimo quando isso só é verdade na nossa cabeça. É a cultura automobilística que nos permite distorcer positivamente a imagem de um modelo que não é confortável, não é particularmente elegante, nem incrivelmente rápido e que, na prática, é apenas bastante ruidoso, acanhado e tem janelas minúsculas. Assim como não é fácil tentar convencer alguém insensível aos encantos da sobreviragem que um Alfa 75 é um modelo altamente desejável. Aos olhos de alguém “normal”, o último filho varão de Arese é apenas um familiar desactualizado que preenche todos requisitos do incentivo ao abate. Talvez mais difícil ainda seja argumentar um considerável investimento num Clio Williams que, por fora, não difere radicalmente de alguns comerciais ruidosos que ainda circulam nas nossas estradas.
As mulheres gabam-se de saber escolher os homens por razões intrínsecas, ao passo que os homens nem sequer equacionam aproximar-se de alguém com as medidas erradas. Nos clássicos acontece o contrário: sabemos reconhecer as qualidades por detrás de uma cara mal-nascida ao passo que as mulheres não dão chances a nada que fique mal no átrio de um hotel.
Na realidade, talvez não seja justo esperar que uma mente sem “educação automobilística” alinhe nos nossos devaneios mas exige-se, em nome do amor incondicional que, pelo menos, não os inviabilize.
Escolhemos cinco modelos de que só um egoísta conseguirá usufruir sem limitações. Se não é solteiro, tenha em conta que qualquer um deste carros tem um potencial de destruição de lares equiparado ao de Elizabeth Hurley, mesmo não gozando de linhas tão sedutoras.
No entanto, de que serve a vida se não lutarmos pelos nossos sonhos, principalmente aqueles que pingam óleo e arrombam as economias? Escolha bem e diga bem alto: “(…) até que o carro nos separe!”

Visa GT Tonic

Porquê este modelo?
Ora aí está um exemplo acabado de uma cara que só uma mãe pode amar. O Visa tinha antepassados bonitos como o CX, o DS e, com boa vontade, o 2CV. Mas teve azar e puxou ao Ami. Não se irrite com a sua amada se ela disser que o Visa parece um tupperware com olhos de amuado, porque isso é quase um elogio. Então um GT Tonic em cinza, com guarda-lamas rebitados por fora e em cor diferente do resto da carroçaria, parece uma manta de retalhos mal feita. É fácil julgar um carro pelo aspecto mas um olhar treinado só vai reparar no incrível pedigree deste humilde combatente. O Visa foi um dos grandes animadores da velocidade e dos ralis ao longo dos anos 80 e foram precisamente as origens humildes que permitiram fazer dele uma arma acessível a largas dezenas de pilotos privados. Para ser rápido não é preciso ser belo e, nesse sentido, o Visa é a Rosa Mota dos automóveis. O primo vaidoso, o 205 GT, montava o mesmo motor e tinha as mesmas performances mas, em carisma, ficou sempre a anos-luz. A agilidade e ligeireza do Visa são ainda hoje suficientes para provocar emoções fortes, coisa de que muitas namoradas não são capazes…

O que procurar
Não faz qualquer sentido procurar um GT Tonic em estado de concurso. Um guerreiro quer-se com cicatrizes e, por muito dinheiro que se gaste num Visa, ele nunca vai ficar apresentável. Importante mesmo, é procurar um “bom coração”, o que é relativamente fácil. Apesar disso, esteja atento à corrosão. Os Visa são muito amigos da ferrugem em tudo o que é recanto e peças de substituição para a carroçaria são muito difíceis de encontrar. Os próprios estofos perdem a tonalidade original, bem como a resistência, apenas pelo efeito da luz solar. Procure, por isso, um interior bem cuidado. O GT Tonic é, essencialmente um Visa GT com uma estética mais agressiva. No entanto, autocolantes, guarda-lamas e jantes não são comuns aos demais Visa e podem dar-lhe algumas dores de cabeça.
Se estiver a sentir-se com sorte, procure um Bicampeão, uma versão exclusivamente nacional do GT Tonic destinada a comemorar os sucessos do Visa no campeonato de ralis Gr. N. Esta variante produzida em Mangualde foi limitada a 750 unidades e tem como particularidade a pintura em branco e o painel de instrumentos do Visa Chrono. O Chrono é, em si mesmo, uma alternativa mais potente, com 93 cv graças à adopção não de um, mas dois carburadores duplos na mesma unidade de 1360cc.

Para que serve
Para esticar a corda numa relação, arranjar uma discussão desnecessária, bater com a porta, descer à garagem e descarregar toda a raiva numa estrada de curvas. Quando voltar já se esqueceu de quantos objectos a sua mulher lhe arremessou à cabeça por causa do Visa ou, pelo menos, vai achar que valeu a pena. Com uma cotação muito baixa, o GT Tonic é um desportivo com raça do qual vale a pena abusar sem complexos nem pretensões. Não serve para passeios à beira-mar.

Nível de impacto na relação
Chegar a casa com um destes meninos é o mesmo que revelar à sua mulher que tem um caso com a Vanessa Fernandes, só porque ela é rápida.

Alternativa
Um pouco mais refinado e um pouco menos feio, mas capaz de provocar mais prazer a si e ainda mais desgosto à sua família, o Alfasud Ti é uma tentadora facada no matrimónio.

Será que devo comprar um?
O custo de um Visa de qualquer das versões desportivas, se estiver em bom estado, começa a ser considerável, mas isso só vai chatear realmente a sua mulher. Se a intenção for mesmo arruinar a relação “à campeão”, então aposte as economias num Bicampeão.

Citroën Visa GT Tonic
Motor: 4 cil. em linha; posição transversal dianteira; àrvore de cames àcabeça; 1360 cc; Carburador duplo Solex; 80 cv às 5800 rpm; Transmissão:dianteira; 5 vel. Manual; Travões: à frente, de disco; atrás, de tambor. Com servofreio;Chassis: monobloco em aço de 5 portas e 5 lugares;Comprimento: 3690mm; Distância entre eixos: 2430mm; Peso: 830 kg;Velocidade Máxima: 168 km/h

Utilização: 4
Manutenção 3
Fiabilidade 4
Valorização 1

Honda Integra Type-R (1997-2001)

Porquê este modelo?Um amigo comprou um destes carros. Fui até casa dele para o ver e foi curioso notar como o seu entusiasmo de criança contrastava com a incredulidade da mulher que só me dizia “Com o boné certo, pode misturar-se numa concentração de tuning.” A ela, jovem mãe racional e saudável, pouco lhe importa que o Integra Type-R seja um dos melhores desportivos de tracção de todos os tempos. Olhando para o Integra só consegue pensar na considerável fatia do orçamento familiar investida num carro de pintura baça, com duas “cadeiras de dentista” e uma frente que – e até o mais apaixonado entusiasta admitirá – é lamentável. Objectividade à parte, o Integra é um carro adequado à função. Não precisa de ser bonito e o facto de ser feio só lhe acentua o carácter de “máquina de guerra”. O branco “championship white” acentua-lhe o desprimor estético mas aumenta-lhe o aspecto de carro de corrida descaracterizado e traz como bónus as baquets vermelhas que não deixam dúvidas das intenções deste coupé. Com 190cv retirados de um motor 1.8 capaz de gritar a plenos pulmões até para lá das 9000rpm, autoblocante e uma especificação mecânica e de chassis do mais próximo que pode haver a uma máquina de competição, este é um modelo que justifica algumas zangas.

O que procurar
Apesar de ser um modelo com características muito próximas às de um carro de corrida, o Integra Type-R é excepcionalmente fiável. Se o vendedor lhe disser que o motor está impecável porque até foi aberto e revisto, fuja enquanto pode. Não é suposto tal acontecer com um destes Honda. Um entusiasta “pensante” saberá usufruir de um motor destes sem o estragar, até porque os limites de resistência são muito elevados. Garanta apenas que a mudança da correia de distribuição foi feita no tempo certo. Os sincronizadores podem sofrer após repetidas utilizações entusiásticas, por isso, teste bem a caixa. Os calços gastam-se depressa e os amortecedores também não devem durar para lá dos 100.000 kms. O interior é tipicamente japonês: forte e feio. Por essa razão, não há motivos de preocupação a não ser com os magníficos Recaro. As abas laterais proporcionam um óptimo suporte, mas desgastam-se muito com entrada e saída dos ocupantes. Como são em alcantara a reparação pode sair mais cara do que o esperado.
Para que serveEste Integra é um modelo cuja razão de existir não poderia ser mais clara. Excitante nas rectas, extraordinário nas curvas, sente-se bem numa estrada de serra ou no autódromo mais próximo. Não serve para passear em família, nem sequer a dois. É um automóvel duro, que pede para ser castigado. O único argumento que lhe resta para justificar a compra perante a família, é o facto de ser um modelo com tendência a valorizar.

Nível de impacto na relação
Dizer que comprou um “clássico” e chegar a casa com isto é o mesmo que trair a sua mulher com uma rapariga de bairro dez anos mais nova, de ar relativamente reles, com a justificação de ela ser muito habilidosa nas “artes do amor”.

Alternativa
Um Renault Clio Sport 2.0 tem níveis de potência aproximados, proporciona emoções parecidas e, por ser feiinho e quase igual a outro Clio, também não será compreendido pela sua mulher.

Será que devo comprar um?
Cada vez há menos exemplares do Integra Type-R nos sites de classificados. Por outro lado, cada vez há mais divorciadas giras nas aplicações de encontros. Não estou a sugerir nada… é só uma reflexão.

Honda Integra Type-R
Motor: 4 cil. em linha; posição transversal dianteira; dupla árvore de cames àCabeça com i-Vtec; 1797 cc; Injecção Honda; 197 cv às 8000 rpm; Transmissão:dianteira; 5 vel. Manual; Travões: à frente, de disco; atrás, de disco. Com servofreio;Chassis: monobloco em aço de 3 portas e 2+2 lugares;Comprimento: 4380mm; Distância entre eixos: 2570mm; Peso: 1170 kg;Velocidade Máxima: 233 km/h

Utilização 3
Manutenção 4
Fiabilidade 4
Valorização 4

Simca Rallye 2 (1973-1978)

Porquê este modelo?
É um verdadeiro automóvel histórico, com um ar simpático e pouco pretensioso e, graças às quatro portas até dá ares de familiar. O problema das mulheres com o Simca é outro, bem óbvio: este modelo tem um dos desenhos mais básicos e descuidados da história do automóvel. É um carro absolutamente sem charme ou elegância. A linha de perfil podia ter sido desenhada por um aluno da segunda classe na sua sebenta. De frente, parece um duende zangado e de traseira é só infeliz… Mas nós, homens, somos assim: basta pintar-lhe duas faixas de cor, montar umas jantes largas, dar inclinação às rodas e aplicar um escape ruidoso e uma caixa de sapatos passa a ser o automóvel mais bonito do mundo. Mas em nossa defesa, isso é mais ou menos o mesmo efeito de um decote arrojado e de um olhar provocador numa mulher relativamente desinteressante. Porque o pragmatismo não é para aqui chamado, o que lhe interessa é que o Rallye 2 é um modelo cheio de carácter, com um comportamento divertido, uma sonoridade contagiante e com um historial nas corridas que lhe confere uma aura muito especial.

O que procurar
Em primeiro lugar convém ter em conta que a escolha mais razoável da série Simca 1000 Rallye é o Rallye 2. A versão pré-facelift (até 1977) é a escolha certa. O musculado Rallye 3 é o mais valioso, mas só foram produzidas 1000 unidades o que o atira para cotações equivalentes às de um Renault 8 Gordini 1300. O Rallye 2 não é, em nenhum dos casos, um brinquedo barato, pelo que é importante comprar muito bem. Como é comum em carroçarias desta época, o Simca apodrece muito e rapidamente. Não há áreas imunes à ferrugem, o que exige uma inspecção pormenorizada. Mecanicamente o Rallye é surpreendentemente robusto desde que respeitados os limites do motor. O único ponto a ter em atenção é a caixa devido aos sincronizadores frágeis e às folgas que os grupos cónicos vão ganhando com o tempo. No entanto, as peças de substituição não são raras, graças à enorme legião de fãs que o Rallye ainda tem em França. Mais difícil é encontrar quem seja capaz de afinar com precisão os dois carburadores de corpo duplo.

Para que serve
O Simca é um pequeno puro-sangue. Por isso, os longos passeios a trote não são a sua especialidade. Uma vez sentado na funda baquet e diante do bonito e “rechonchudo” volante de três raios, a última coisa que lhe vai apetecer fazer é poupar gasolina. O ronco bem sonoro é inimigo das longas deslocações mas representa uma grande fatia do prazer do Simca. Sendo um “tudo-atrás” leve e relativamente potente, a condução torna-se especialmente divertida e desafiante quando a aderência diminui.

Nível de impacto na relação

Dizer a uma mulher respeitável que se gastou 20 ou 25 mil euros num carro feio, só por causa da sua história e de qualidades escondidas, é o mesmo que traí-la com a Odete Santos.

Alternativa
É um conceito de carro diferente mas também tem a elegância de um tijolo e vai ter o mesmo efeito na família: o Fiat 128 Rally.
Será que devo comprar um?O Rallye 2 é um modelo bastante antigo. Não era bonito em novo, mas também não piorou. Por outro lado, já sabe como é a sua mulher agora, só não sabe como ela vai estar daqui a uns anos…

Simca Rallye 2
Motor: 4 cil. em linha; posição longitudinal traseira; válvulas à cabeça; 1294 cc; 2 carburadores duplos Solex 35; 84 cv às 6200 rpm; Transmissão:traseira; 4 vel. Manual; Travões: à frente, de disco; atrás, de disco. Sem servofreio;Chassis: monobloco em aço de 4 portas e 5 lugares;Comprimento: 3810mm; Distância entre eixos: 2220mm; Peso: 860 kg;Velocidade Máxima: 170 km/h

Utilização 2
Manutenção: 3
Fiabilidade 3
Valorização 4

Ford Sierra “Sapphire” RS Cosworth (1988-1993)

Porquê este modelo?
Este vai ser um golpe baixo na sua relação amorosa. Vai aparecer em casa com um brinquedo novo de aspecto muito civilizado, espaçoso, confortável de quatro portas. A sua amada vai achar o carro feio, mas vai tolerar, por ser um familiar. Só que o segredo não vai durar para sempre, porque as contas de gasolina vão ser as vedetas do extracto bancário. E se ela não descobrir dessa forma, vai ser no dia em que estiverem a dar o tal passeio de verão e um daqueles modernos TDI’s, HDi’s outra coisa qualquer se encostar à traseira e você não resistir a deixar cair o pé. O Cosworth vai encher o peito, soprar, arfar nas passagens de caixa e só quando aparecer o próximo semáforo é que vai dar conta que a sua passageira está em pânico, chorosa, irada e prestes a chamar um táxi. O Sierra é um brinquedo sério, realmente rápido e especialmente apaixonante precisamente pelo carácter dissimulado… identifica-se?

O que procurar
Esta geração do herói dos ralis está disponível em duas versões radicalmente diferentes: a mais indomável, de propulsão, e mais famosa de transmissão integral. Qualquer um dos dois é entusiasmante e divertido mas, o segundo é, obviamente, o automóvel mais completo, seguro e eficaz. Uma das características apreciadas nos Cosworth é o imenso potencial de evolução, sendo fácil e relativamente barato duplicar potência. Se essa ideia lhe agrada, o 4×4 é definitivamente a escolha certa. Apesar de estar preparado para suportá-las, o ideal será procurar um Sierra ainda sem alterações mecânicas de fundo.Como em qualquer modelo de alta performance terá de procurar atentamente por sinais de reparações de chapa que denunciem acidentes. Procure corrosão especialmente se o exemplar não for nacional. Procure fumos de cores estranhas ou ruídos de transmissão. Tente garantir que os Recaro estão em bom estado e em condição original.

Para que serve?
Se ignorarmos os custos de combustível, o Sierra serve mesmo para tudo. É confortável, refinado q.b. e seguro, graças à transmissão integral e aos travões ABS. Em auto-estrada é capaz de ritmos elevadíssimos e nas estradas secundárias a capacidade de tracção, associada a um peso baixo para o seu tamanho, faz milagres.

Nível de impacto na relação

Comprar um desportivo brutal com ar de familiar é o mesmo que contratar uma ama dedicada e andar enrolado com ela.

Alternativa
Um Mitsubishi Lancer EVO I tem o mesmo efeito e esconde os mesmos segredos.

Será que devo comprar um?
O encanto do Sierra Sapphire Cosworth está em ser capaz de transmitir uma imagem séria, mas ser atrevido, safado e um louco quando não está mais ninguém a ver. Se a sua mulher for capaz do mesmo, pense duas vezes…

Motor: 4 cil. em linha; posição longitudinal dianteira; dupla árvore de cames àCabeça; 1993 cc; Injecção Bosch; 204 (2wd)/217(4wd) às 6000/6250 rpm; Transmissão:traseira/integral; 5 vel. Manual; Travões: à frente, de disco; atrás, de disco. Com servofreio;Chassis: monobloco em aço de 5 portas e 5 lugares;Comprimento: 4465mm; Distância entre eixos: 2608mm; Peso: 1250/1302 kg;Velocidade Máxima: 240/230 km/h

Utilização 4
Manutenção 3
Fiabilidade 4
Valorização 3

Westfield Seven

Porquê este modelo?
Este é o cartão de acesso directo à vida de solteiro. Vá directamente sem passar pelo conselheiro matrimonial e sem receber a sua parte dos bens. Esta é uma provocação demasiado forte para qualquer mulher “normal”. Até chegar a casa com o “aranhiço” mais inútil que ela já viu, pode disfarçar dizendo que vai comprar um descapotável antigo muito giro, bom para usar ao fim-de-semana. A correr bem, conseguirá chegar a sentá-la no banco do lado para a primeira e última volta dela no seu querido Seven. Quando começar a circular entre autocarros e camiões e ela sentir o fumo a vir directo à cara ou perceber que é uma questão de tempo até ser esmagada por um grande pneu recauchutado, a sua vida muda radicalmente. Usar um Seven no trânsito não é radical, é ridículo! A menos que seja só para chegar à próxima estrada de curvas ou ao autódromo local. Isso você sabe, mas ela não compreende. Muito menos entenderá que aquela coisa possa custar mais do que um bom utilitário com luxos como, por exemplo, ar condicionado e… vidros!

O que procurar
As réplicas de Lotus Seven de produtores como a Westfield ou a Caterham conquistaram um lugar tão importante na história do automóvel que têm cotações não muito inferiores. Tal como o original, o encanto está nas emoções que proporcionam, independentemente da potência do motor. Existem réplicas do Lotus Seven para todos os gostos, orçamentos e potências. Contudo, as versões mais básicas e antigas do Westfield são simples de manter, têm potência suficiente, recorrem a mecânicas simples e populares e mantêm o charme clássico, com guarda-lamas fixos e longos. As motorizações mais comuns são de origem Ford e qualquer motor Crossflow devidamente alimentado por um par de carburadores duplos oferece mais de 100cv, o suficiente para mover um conjunto a rondar os 500kg. A par da Caterham, a Westfield é o construtor mais popular de réplicas Seven, o que garante que as peças para chassis e carroçaria nunca serão um problema. Assegure-se apenas de que leva um motor saudável e um chassis sem corrosão.

Para que serve
Usar um Seven em zonas de muito trânsito é um exibicionismo imprudente. As estradas secundárias e os autódromos são o seu “habitat”. O Seven serve para aprender a guiar depressa e para se divertir até não poder mais enquanto humilha BMW, Porsche e outros carros pretensamente mais rápidos. A agilidade e a leveza permitem performances inacreditáveis, mas a magia deste modelo reside nas sensações “sem-filtro” que proporciona.

Nível de impacto na relação
O mesmo que trair a respeitável consorte com uma rapariga de 18 anos magricela que só pensa em discotecas e festas na praia.
AlternativaNenhum outro modelo de estrada poderá ter consequências familiares semelhantes. A alternativa é então comprar uma moto clássica radical e barulhenta, como uma Kawasaki KH.

Será que devo comprar um?
Uma separação é sempre um processo complicado para a maioria das pessoas. Mas a maioria das pessoas não tem um Seven…

Motor: 4 cil. em linha; posição longitudinal dianteira; válvulas à cabeça; 1500 cc; duplo carburador Weber ; 110 cv; Transmissão: traseira; 4 velocidades. Manual; Travões: à frente, de disco; atrás, de tambor. Sem servofreio;Chassis: tubular com carroçaria em aço sem portas e 2 lugares;Comprimento: 3378mm; Distância entre eixos: 2260mm; Peso: variável com especificaçõesVelocidade Máxima: variável com especificações

Utilização 1
Manutenção: 4
Fiabilidade 4
Valorização 3

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by | Abr 1, 2016 | História | 0 Comments

Por vezes, defeitos mediáticos condenam modelos virtuosos. Vamos fazer justiça ao Citroën GS.

De Grupo B em Monthléry

by | Mar 1, 2016 | Reportagem | 0 Comments

As emoções das Grandes Heures Automobiles, vividas por Thierry Lesparre.

Vincenzo Lancia, o virtuoso

by | Fev 1, 2016 | História | 0 Comments

Mais do que um empresário do mundo automóvel, Vincenzo foi um génio apaixonado pela inovação e pela técnica.

Bruno Saby

by | Fev 1, 2016 | Entrevistas | 0 Comments

Bruno Saby foi um dos poucos pilotos a saborear o prazer das vitórias na era do Grupo B e participou no desenvolvimento do Peugeot 205 T16. O piloto francês recorda aqueles tempos numa entrevista a Thierry Lesparre.

Lancia: Um épico sem final feliz

by | Mar 1, 2014 | Opinião | 0 Comments

Numa perspectiva de entusiasta, Duarte Pinto Coelho fala das razões para admirar a Lancia e para chorar o seu fim inglório.

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