FBHVC apresenta números dos clássicos
A cada cinco anos, a FBHVC realiza um importante e detalhado estudo que permite fazer a “radiografia” ao universo dos clássicos no Reino Unido, seja na perspectiva empresarial, seja na óptica dos entusiastas.
O estudo, que foi publicado na semana passada, analisa também a relação da sociedade com esta actividade e a forma como os não-entusiastas vêem, valorizam e respeitam os veículos antigos e a sua utilização.
Este inquérito retrata a realidade do sector naquele país, mas permite extrapolar algumas conclusões para o resto da Europa.
A amostra incluiu 16.024 inquiridos, de entre os quais 15.805 eram proprietários e os restantes apenas entusiastas activos. No total, possuíam 32.616 veículos, divididos da seguinte forma:
24.397 automóveis históricos (com mais de 30 anos)
5.244 motos históricas
6.158 automóveis “youngtimers” (entre 20 e 30 anos de idade)
O estudo permitiu estimar, com considerável exactidão, que os proprietários e entusiastas injectam na economia cerca de 8,35 milhões de euros, entre gastos directos e indirectos.
Na amostra, apurou-se que cada utilizador gasta em média, anualmente, cerca de 5225€ ao ano, entre manutenção do veículo, parqueamento, inscrição em eventos, combustível, seguros, inspecções, revistas, livros, etc.
A somar a esse valor, gasta indirectamente cerca de 735€ em despesas indirectas como alojamentos e refeições na visita a eventos, etc.
Contudo, a média de utilização dos veículos históricos não ultrapassa os 1400km por ano, por cada inquirido, independentemente do número de veículos usados.
Esse valor representa, portanto, cerca de 0,2% da utilização das estradas britânicas.
O estudo permitiu ainda apurar que cada veículo histórico é usado, em média, 11 vezes por ano.
De referir ainda que 88% dos inquiridos pertence a um clube de veículos históricos e 20% deles participa num mínimo de dez eventos ao ano.
O relatório revela ainda um aumento considerável do número de veículos históricos registados no Reino Unido (mais 400.000) desde o estudo de 2020, apesar do número de proprietários identificados só ter crescido em menos de 7000 indivíduos.
Também o número de pessoas empregadas no sector acabou por crescer, ocupando agora 34.500 profissionais, mais 400 face ao estudo de 2020, mas ainda 400 abaixo da realidade de 2016.
A FBHVC partilhou ainda as próprias conclusões e recomendações.
A FBHVC partilhou ainda as próprias conclusões e recomendações.
Conclusões
Há muitas conclusões de destaque que sobressaem tanto em termos de valores absolutos como de tendências neste relatório detalhado e actualizado. Há a contribuição impressionante (€ 8,35 mil milhões) que os gastos com veículos históricos trazem à prosperidade económica deste país — um valor que se manteve estável (2020: cerca de € 8,24 mil milhões), não obstante as circunstâncias económicas difíceis.
O relatório documenta um número cada vez maior de pessoas de todas as camadas de rendimento que se lançaram na propriedade - e o número dos que gostariam de o fazer - demonstrando-nos que o movimento permanece saudável e em expansão. Contudo, consideramos que o valor de destaque é o número simplesmente enorme de pessoas (22,7 milhões) que consideram os veículos históricos parte do património deste país.
Igualmente impressionante é a proporção de jovens nesse número de destaque que apreciam a sua importância e apoiam o seu uso contínuo nas estradas sem modificação. Isto é significativo quando se deve reconhecer que as conclusões do relatório confirmam que a propriedade continua dominada pela geração mais velha. Também encorajador é o grande aumento nas presenças em eventos de veículos históricos, o valor actual representando um aumento de 100% sobre os números registados no relatório de 2020. Notamos que esse aumento surge apesar do cancelamento de vários eventos maiores por diversas razões, incluindo risco financeiro e regulatório.
Do ponto de vista ambiental, o relatório demonstra que — não obstante o saudável aumento no número de veículos históricos comparado com anos anteriores — o uso está reduzido em comparação com levantamentos anteriores, com a comunidade de veículos históricos contribuindo com apenas 0,2% do total de quilometragem rodoviária. Com a maioria das viagens sendo curtas e relativamente poucas, concluímos que não são usados para deslocações quotidianas normais, justificando assim as isenções e benefícios que recebem.
Como a federação que representa mais de 500 clubes de veículos históricos, estamos obviamente encantados que o relatório confirme que os proprietários valorizam tanto o benefício que o seu clube traz ao prazer de possuir os seus veículos — que mais de 88% pertencem a um clube. Isto é um enorme voto de confiança nos oficiais, maioritariamente voluntários, que dedicam o seu tempo a sustentar esta parte obviamente valorizada universalmente do património britânico.
Recomendações
Estamos encantados com o contínuo crescimento e boa saúde do movimento dos veículos históricos e consideramos encorajador que o inquérito demonstre que os menores de 35 anos estão a mostrar o maior interesse por veículos históricos, notando-se a sua participação entusiástica no movimento. Contudo, reconhecemos que é necessário agir para melhorar a diversidade na propriedade. Os proprietários estão a tornar-se mais velhos quando, idealmente, a tendência deveria ser no sentido dos mais jovens.
Pela primeira vez, o relatório quantificou a importância do veículo “Youngtimer”, com 29% dos proprietários de veículos históricos a possuírem também um Youngtimer e 53% dos entusiastas de veículos históricos a terem igualmente um Youngtimer. Os Youngtimers são cada vez mais reconhecidos globalmente e são definidos como veículos com mais de 20 anos. Esta informação sugere que devemos promover a oportunidade de reconhecer estes veículos e os seus proprietários, e a Federação implementará uma categoria de adesão apropriada nas próximas semanas.
A idade é também um factor em relação àqueles que têm a especialização para reparar e manter veículos históricos. O inquérito mostra tendências positivas na contratação e formação dos aprendizes do futuro, mas recomendamos às empresas que invistam mais no que será crucial para o seu sucesso contínuo. O relatório demonstra de forma conclusiva que o movimento dos veículos históricos está a prosperar em termos económicos, patrimoniais e humanos, contrariando claramente algumas tendências no que diz respeito à despesa individual.
Contudo, não damos como garantida esta situação favorável e, embora não procuremos qualquer financiamento ou apoio directo, encorajamos o governo a reconhecer o seu papel na criação das condições para sustentar este sucesso no futuro. Em particular, recomendamos que mantenha e melhore o apoio aos programas de aprendizagem e que ouça seriamente quando levantamos questões que consideramos serem barreiras económicas, legislativas ou técnicas ao sucesso contínuo do movimento dos veículos históricos e à capacidade de utilizar estes veículos patrimoniais nas estradas de amanhã.









