Como visto na TV! #5
Dodge Ram 1500 1994-2001
Parte #1 aqui
Porquê este modelo?
Há um determinado tipo de actor em que se é tanto melhor quanto menos expressivo e artisticamente dotados. Isso não faz deles um género menor entre os actores, porque na verdade estão perfeitamente adequados aos tipo de papéis que representam: não precisam de saber expressar emoções porque as suas personagens são tão duras que não se emocionam, nem perdem a calma e não precisam de ter dotes artísticos porque isso é uma “mariquice”. Para premiar este tipo de actores, deveria existir um equivalente aos “Óscares” que podia perfeitamente chamar-se os “Norris” com categorias diversas: Norris para melhor actor, Norris para melhor cicatriz, Norris para melhor grunhido adaptado, Norris do melhor espancamento em massa e por aí adiante. Chuck Norris é uma referência entre os mais brutos de todos os brutos do cinema. Para saber reconhecer qualidades em Norris não é preciso perceber de cinema. Basta ter amor à vida. Também é assim que se convence outros automobilistas das qualidades da Dodge Ram: se não for a bem, passa-se por cima do desgraçado. Por isso é que este foi o veículo escolhido para o sereno Walker, o Ranger do Texas.
O que procurar
Stallone, Schwarzenegger, Van Damme e Seagal são todos actores da mesma categoria, mas só Chuck Norris tem aquela expressão no olhar que parece dizer “Vou partir-te a tromba e nem sei bem porquê”. Esse parece ter sido o mote estilístico do designer Phillip E. Payne (não é por acaso que Payne tem a mesma sonoridade de “pain”, inglês para dor). Procurando um novo estilo para a pick-up nascida em 81, Payne criou uma espécie de focinho protuberante que, ao encher o nosso retrovisor, tem o mesmo efeito de Norris a pegar-nos pelo cinto das calças: torna-nos obedientes e põe-nos a falar fininho. O interior tem tanto requinte como os coletes de ganga do Ranger do Texas. Se tirarmos o volante, parece uma bancada de trabalho duma carpintaria. A severidade deste paquiderme motorizado estende-se à mecânica: rudimentar, sobredimensionada e muito bruta! Como bom americano que era, Walker não se conformaria com outra opção que não um V8 com mais de 5000cc de capacidade. Bem vistas as coisas, é a única opção que condiz com este modelo. Escolher um motor diesel é como calçar Norris com umas sapatilhas de ballet e o motor V10 é como exigir-lhe abdominais definidos e depilados, anulando aquela pinta de veterano de guerra com sede de pancada.
Para que serve
A Dodge Ram é um clássico entre as pick-up americanas, mas é muito difícil dizer para que serve. Nem Walker sabia bem o que fazer com aquela área de carga toda: Noites românticas ao luar? Esqueçam isso! Campismo? Já bastou o Vietnam. Obstáculos no todo-o-terreno? Para isso é que inventaram o Napalm!
Perfil do “actor“
Chuck Norris tem parecenças com a Dodge Ram, mas ainda assim fala demais. O único homem com uma carreira no cinema digna desta pick-up foi o duplo e forcado português Nuno Salvação Barreto: celebrizou-se como duplo em Quo Vadis. Para isso “bastou” entrar numa arena sozinho, agarrar um enorme touro pelos cornos e partir-lhe o pescoço. Sem conversa fiada, sem pickup nem pistolas. Ter-lhe-á apenas sussurrado: “Toma boi, que é para aprenderes a não te meter com um português!”
Alternativa
Duas palavras que dispensam explicação: Ford Bronco.
Motor: 8 cil. em v; posição longitudinal dianteira; árvore de cames central; 5200cc;
Injecção Chrysler; 220cv às 4400 rpm; Transmissão: 4×4; 4 Vel. Aut;
Travões: à frente, de disco; atrás, de tambor. Com servofreio;
Chassis: monobloco em aço de duas portas e dois ou cinco lugares;
Comprimento: 5184mm; Distância entre eixos: 3015mm; Peso: 2002kg;
Velocidade Máxima: 182km/h
Utilização: 2
Manutenção: 4
Fiabilidade: 5
Valorização: 1